Hoje os meus planos saíram furados porque não estava a
contar com o que vi. Eram cinco horas e meia da tarde e dirigi-me para buscar o
meu irmão, uma tarefa banal num dia de férias, ia desmotivado por saber que
eventualmente não estarias na Universidade.
Estacionei o carro num lugar qualquer fora daquele parque
onde está o sítio mágico, mas com vistas para o mesmo. Fui mais cedo porque não
sabia se o meu irmão iria sair mais cedo do que o costume.
Olhei com o meu olhar do costume, um olhar de triste por ter
tantas saudades tuas, para o parque e imaginei que o teu carro poderia estar
ali. Olhei com atenção e pareceu mesmo que era verdade. Não resisti e
estacionei o carro dentro do parque, não junto ao teu, mas na fileira onde
costumas estacionar. Tinha tudo para ser uma tarde diferente sem saber.
Não sabia o que fazer. Hesitei entre sair do carro e ficar
lá dentro apenas a olhar apaixonadamente para o teu. No entanto saí, fui dar
uma volta, não sabia onde estavas, mas também não importava, o que senti ali
era tão forte. Saí fora do carro e fui dar a mesma volta que costumava dar no
Verão. Passei pelo teu departamento, sentei-me no banco do costume. Fiquei ali
mais de cinco minutos a ver se passavas, a ver se te via. Mas não tive sorte.
Não tive coragem de te procurar por toda a Universidade, prometi-te isso, que
não iria insistir e mesmo saindo fora do carro já estava com a consciência
pesada por isso.
Depois de me sentir completamente apaixonado quando estava
sentado naquele banco, levantei-me e fui para junto das salas de estudo. Pedi
tanto que estivesses por ali, que fosse um dia perfeito. Não entrei lá dentro,
só fiquei cá de fora no corredor do exterior a fingir que estava a espera de
alguém, mas o que eu queria era ver-te porque morro de saudades por ti.
Não apareceste e não te vi. O meu coração dizia para entrar
dentro da biblioteca, mas não o fiz, não sei se um dia irias gostar que quebrasse
a promessa de me afastar de ti.
Fui para o carro e não consegui conter as lágrimas por te
amar e não ser capaz de to dizer, por não ser capaz de ser feliz, por não me
amares, por ter tanta saudade que doi dentro de mim. Só te queria ver ao longe,
e o máximo que podia pedir era um abraço teu.
Fiquei minutos ali, não tenho noção de quanto tempo fiquei
ali a olhar, para o teu carro enquanto dizia baixinho que te amava e as lágrimas
vinham-me aos olhos.
O meu irmão ligou, estava a minha espera, mas disse-lhe para
esperar um bocado, queria que aquele momento fosse algo mais prolongado. O
coração queria que ficasse ali até apareceres e impedia que ligasse o carro. A
minha cabeça dizia para ir embora porque não irias gostar que estivesse ali e
interpretasses que te estava a seguir. Hesitei, tanto, entre longos minutos.
Eram as sete horas da noite, já o céu era escuro, todos os carros se tinham ido
embora menos o teu. Eu estava ali dentro do carro, sem saber o que fazer.
Pensei no meu irmão, estava à minha espera à quase uma hora
e meia e por isso teria mesmo de o ir buscar e levar a casa.
O teu carro continuou ali, no mesmo sítio, e eu? Eu desesperado
por não te ver, por ter tantas saudades, por ser o mesmo, um falhado como tu
pensas.
Não sei como me hei de sentir, sinto-me de rastos por te
amar tanto, e não te poder amar.
Desculpa pela hora e meia que estive à tua espera dentro do carro, pela ida à biblioteca, sabia que não devia ter feito, mas já não consigo aguentar esta saudade sabendo que estarias ali, tão perto, na Universidade neste dia.
30 JAN, 2017 0
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